Coordenador: Gert Schubring
Docentes Participantes: Antônio Augusto Videira, Gerard Grimberg, Ildeu Moreira, Tatiana Roque, Thiago Hartz


O projeto focaliza tanto o uso da história no ensino quanto a história do ensino das duas disciplinas em foco, a matemática e a física, junto com a divulgação destas ciências. Trata-se de um projeto com três vertentes. Na primeira vertente, busca-se investigar aplicações da história da Matemática e da Física no Ensino dessas disciplinas. O uso da história no ensino tem-se desenvolvido fortemente, a partir dos anos 1980, primeiramente nos Estados Unidos, na França e na Grã Bretanha, e estendeu-se nas últimas décadas a outros países. Um exemplo é a criação do International Study Group on the Relations between History and Pedagogy of Mathematics, que organiza regularmente eventos internacionais. Com essa abordagem, tenta-se melhorar a aprendizagem da matemática na escola. No ensino de física há iniciativas semelhantes. Porém, apesar de muitos esforços, não se tem, ainda, suficiente evidência empírica sobre tais efeitos na sala da aula. Essas fraquezas parecem ser devido a faltas nas concepções teóricas do uso da história e a deficiências nos conhecimentos de história dos professores dessas ciências.

O projeto pretende pesquisar em ambas direções: investigar as bases teóricas das relações entre história e ensino, e aprofundar os conhecimentos dos futuros professores da história da matemática e da física. Na segunda vertente, trata-se de um projeto histórico-empírico, pesquisando a história do ensino, com ênfase particular no contexto do Brasil. Esta vertente tem muita ligação com a história social e cultural, visto a dependência do ensino da matemática e das ciências de sua valorização no contexto da organização social. Tais pesquisas vão ser baseadas, em particular, na metodologia da prosopografia, ou seja, da biografia coletiva, facilitando identificar características comuns de um grupo profissional. O Projeto exige extensas pesquisas em arquivos, em particular dos ginásios que existiram no século XIX. A terceira vertente trata da divulgação científica de sua história, pois seu início coincide com o do próprio processo de criação e produção da ciência.

O estudo de seus aspectos históricos pode nos ajudar a elucidar como suas formas variaram no tempo em função de pressupostos filosóficos sobre a ciência, dos conteúdos científicos envolvidos, da cultura subjacente, dos interesses políticos e econômicos e dos meios técnicos disponíveis nos diversos lugares e épocas. Segundo Raichvarg e Jacques, a história da divulgação científica é "um complemento indispensável à história e filosofia da ciência, na medida em que levanta novas questões: por que, para quem e como uma ciência, em um dado momento, foi lançado no tecido escritório de uma era, que as pessoas se apropriou dessa ciência em um determinado momento e por que meios" (Raichvarg e Jacques 1991, p 8.). Nesta linha de pesquisa, investigaremos iniciativas organizadas de divulgação da física e da matemática, especialmente a partir da segunda metade do século XIX, quando houve uma intensificação destas atividades no Brasil, na sequência de um movimento internacional mais amplo e decorrente da segunda revolução industrial. Serão também foco de investigação as principais atividades de divulgação surgidas nas últimas três décadas, com a criação de novos espaços científico-culturais, os eventos de divulgação em praças públicas, as ações e eventos de divulgação na interface entre ciência e arte (teatro, cinema, carnaval, etc) e a presença da ciência na mídia.